quarta-feira, 8 de novembro de 2017

   O último signo do zodíaco, antigo, ancião, provando que o mais velho não é o mais ranzinza e bem pelo contrário. A verdade é que o acumulo do tempo sobre si já lhe imprimiu aquela doçura que retorna aos seres na idade mais avançada, peixes, já pelas tantas, voltou a ser criança.
    
   É muita dualidade, muito paradoxo, um infinito de contradição! É que ás vezes é mar, outras vezes é rio e não raramente é a confusão dos mangues_ onde geralmente nasce e aprende a amar _.  Sob efeito da lua cheia fica aflito imitando a maré revolta, outras vezes faz que não sente a correnteza e segue tranquilamente ao sabor de uma corrente qualquer,(vai entender)!
    
   É incapaz de estar em um só lugar de cada vez e de resumir uma história. A percepção humana de tempo não lhe faz muito sentido. Quer estar presente, mas, tente entender, se o corpo já está aqui, deixa a mente acolá, e se por algum instante parecer que lhe fugiu a alma da expressão é só porque foi fazer uma visitinha a outro canto. Peixes viaja pelo espaço tempo, estacionar inteiramente não faz parte da sua prática e se ele lhe der total atenção é porque você já deve tê-lo fisgado, e aí, cuidado, que é dor de cabeça daí em diante.
   
   Tem que lutar 24 horas por dia contra a sua tendência natural de nadar pra baixo. As profundezas lhe atraem tanto quanto a luz. Se não se vigiar, é por muito pouco que não se metamorfoseia em um monstruoso ser abissal, negando a sua necessidade de respirar e sobrevivendo sombriamente na escuridão. O mesmo cuidado deve ter com sua própria leveza, isso de ir ao sabor do fluxo, onda que trás, onda que leva, a superfície é cheia de perigo, de bico de passarinho e de anzol de pescador. Tem que aprender a medir os limites do que é raso pra não nadar, nadar, nadar e acabar morrendo na praia.
   
   Não é bicho de tanque e nem de aquário e se acontece de se ver em uma situação dessas sofre amargamente sua condição de prisioneiro e chora, chora, chora até que transborda e consegue se libertar, o curioso é que essa libertação ás vezes vem ao ser retirado da água, quando se debate, contorce, agoniza e depois cai inerte com a mesma expressão passiva com que passou sua vida inteira. Está livre pra navegar mais uma vez por águas desconhecidas.

   Não tem nada muito bem resolvido. É tanto confuso quanto flexível. Um dia acorda tubarão, amanhã é golfinho e quando dá de cantar, perigo, o canto da sereia é tão bonito quanto fatal. A única coisa que leva verdadeiramente a sério é a sua atitude de não levar nada a sério demais, e dentre tantos, um conflito que não lhe amarga é o da sua sonsice. Seu jeito distraído atrai risadas que ele tende a corresponder sempre pensando ‘’ não há bobagem maior que a de levar uma vida sem ser um bobo’’.


   Peixes tira de si pra dar ao outro. Toda vez que faz papel de predador se sente presa. Conhece o mundo de águas passadas, poucos lhes escampam quando está para caça, mas sem negar a sensação de vitimismo. Melhora sua vida significativamente quando para de se colocar no papel de vítima e entende que sua força esta em ser escorregadio. Peixes escapa entre as mãos, morde a isca e sai de fininho, escapole pelos buracos da rede, finge que não viu e talvez não tenha visto mesmo. A não ser que venham lhe falar de mistério, de desapego e de afeto, porque se falarem do jeito certo, valei-me Nossa Senhora dos Navegantes, Poseidón, Iara, Netuno, Oxum, Kalipso, Júpiter e Iemanjá, porque aí minha gente, PEIXES MERGULHA!

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