O último signo do zodíaco,
antigo, ancião, provando que o mais velho não é o mais ranzinza e bem pelo
contrário. A verdade é que o acumulo do tempo sobre si já lhe imprimiu aquela
doçura que retorna aos seres na idade mais avançada, peixes, já pelas tantas, voltou
a ser criança.
É muita dualidade, muito
paradoxo, um infinito de contradição! É que ás vezes é mar, outras vezes é rio
e não raramente é a confusão dos mangues_ onde geralmente nasce e aprende a amar
_. Sob efeito da lua cheia fica aflito
imitando a maré revolta, outras vezes faz que não sente a correnteza e segue
tranquilamente ao sabor de uma corrente qualquer,(vai entender)!
É incapaz de estar em um só lugar
de cada vez e de resumir uma história. A percepção humana de tempo não lhe faz
muito sentido. Quer estar presente, mas, tente entender, se o corpo já está
aqui, deixa a mente acolá, e se por algum instante parecer que lhe fugiu a alma
da expressão é só porque foi fazer uma visitinha a outro canto. Peixes viaja
pelo espaço tempo, estacionar inteiramente não faz parte da sua prática e se
ele lhe der total atenção é porque você já deve tê-lo fisgado, e aí, cuidado,
que é dor de cabeça daí em diante.
Tem que lutar 24 horas por dia
contra a sua tendência natural de nadar pra baixo. As profundezas lhe atraem
tanto quanto a luz. Se não se vigiar, é por muito pouco que não se metamorfoseia
em um monstruoso ser abissal, negando a sua necessidade de respirar e
sobrevivendo sombriamente na escuridão. O mesmo cuidado deve ter com sua
própria leveza, isso de ir ao sabor do fluxo, onda que trás, onda que leva, a
superfície é cheia de perigo, de bico de passarinho e de anzol de pescador. Tem
que aprender a medir os limites do que é raso pra não nadar, nadar, nadar e
acabar morrendo na praia.
Não é bicho de tanque e nem de
aquário e se acontece de se ver em uma situação dessas sofre amargamente sua
condição de prisioneiro e chora, chora, chora até que transborda e consegue se
libertar, o curioso é que essa libertação ás vezes vem ao ser retirado da água,
quando se debate, contorce, agoniza e depois cai inerte com a mesma expressão
passiva com que passou sua vida inteira. Está livre pra navegar mais uma vez
por águas desconhecidas.
Não tem nada muito bem resolvido.
É tanto confuso quanto flexível. Um dia acorda tubarão, amanhã é golfinho e quando
dá de cantar, perigo, o canto da sereia é tão bonito quanto fatal. A única
coisa que leva verdadeiramente a sério é a sua atitude de não levar nada a
sério demais, e dentre tantos, um conflito que não lhe amarga é o da sua sonsice.
Seu jeito distraído atrai risadas que ele tende a corresponder sempre pensando ‘’
não há bobagem maior que a de levar uma vida sem ser um bobo’’.
Peixes tira de si pra dar ao outro.
Toda vez que faz papel de predador se sente presa. Conhece o mundo de águas
passadas, poucos lhes escampam quando está para caça, mas sem negar a sensação
de vitimismo. Melhora sua vida significativamente quando para de se colocar no
papel de vítima e entende que sua força esta em ser escorregadio. Peixes escapa
entre as mãos, morde a isca e sai de fininho, escapole pelos buracos da rede,
finge que não viu e talvez não tenha visto mesmo. A não ser que venham lhe
falar de mistério, de desapego e de afeto, porque se falarem do jeito certo,
valei-me Nossa Senhora dos Navegantes, Poseidón, Iara, Netuno, Oxum, Kalipso, Júpiter e Iemanjá, porque aí
minha gente, PEIXES MERGULHA!
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