A falta que você faz e que eu (quase) não sinto
Se pensar que um dia já me chocou a sua ausência,por ter
sido um dia sua presença algo quase obrigatório nos meus dias,e noites,e
sonhos.Hoje me surpreenderia sonhar com você,eu ia acordar e pensar:poxa,as quanto
tempo! E se fosse o caso de estar em sua companhia novamente eu me veria sem jeito e ia me conter a
perguntar um ‘’como vai você?’’ sem esperar uma resposta literal.
Faz parte,é isso mesmo,nada de extraordinário e muito menos
de incomum.Não é que tenha deixado de pensar,mas pensamento por si só é algo
vago.A gente pensa e depois vem outra coisa a mente,outra imagem a frente,outro
momento pra viver no presente.E aí passa,a gente se esquece que lembrou e nem
percebe que por dentro sentiu saudades.
Você continua a fazer falta,eu é que não sinto essa falta do
mesmo jeito.Ela que já foi a mim como enxaqueca,depois corte pequeno no
dedo,agora é que nem picada de pernilongo só incomoda quando a gente vê.Consigo
imaginar você rindo alto desse meu tipo esdrúxulo de comparar as coisas,mas
imagino sutilmente,porque pra falar a verdade me fugiu da cabeça agora como é
mesmo o seu sorriso.
Já fui mais nostálgica,acho que hoje sou mais franca.Se
houvesse motivo ou ressentimento,marca,mas pela paz de aceitação de encontros e
desencontros a que nos leva a vida,somente lembrança.
Eu gostava de você,inconscientemente ainda gosto,gostava da
nossa amizade,mas não dá pra gostar do que já não existe mais.
Minha mãe tem um toca fitas guardado no armário,não vai se
desfazer dele mesmo ignorando diariamente seu paradeiro.Por que ela não vai
joga-lo fora se ele nem funciona mais como antes e nem se fazem mais discos de
vinil?Ora,porque ela o adora!Ela já deve ter trocado de aparelho de som dezenas
de vezes,insistiu com alguns e os mandou para o concerto,ganhou e deu
outros,talvez ate mais algum faça parte da poeira do depósito.E ela ainda adora
o toca fitas,adora mais como substantivo que como verbo.Vai ver eu continue te
adorando.
Sem remorso,o tempo me ensinou a gostar de verdade das
pessoas.Gostar a ponto de deixar que se vão,e também deixa-las a vontade pra
que voltem.Sem ter que prometer que farão uma coisa ou outra.Quero que sejam
livres pra ficar e pra partir,assim como a liberdade de abrir de vez em quando
o armário e adorar um toca fitas empoeirado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário