domingo, 6 de janeiro de 2013

A falta que você faz e que eu (quase) não sinto


Se pensar que um dia já me chocou a sua ausência,por ter sido um dia sua presença algo quase obrigatório nos meus dias,e noites,e sonhos.Hoje me surpreenderia sonhar com você,eu ia acordar e pensar:poxa,as quanto tempo! E se fosse o caso de estar em sua companhia novamente  eu me veria sem jeito e ia me conter a perguntar um ‘’como vai você?’’ sem esperar uma resposta literal.
Faz parte,é isso mesmo,nada de extraordinário e muito menos de incomum.Não é que tenha deixado de pensar,mas pensamento por si só é algo vago.A gente pensa e depois vem outra coisa a mente,outra imagem a frente,outro momento pra viver no presente.E aí passa,a gente se esquece que lembrou e nem percebe que por dentro sentiu saudades.
Você continua a fazer falta,eu é que não sinto essa falta do mesmo jeito.Ela que já foi a mim como enxaqueca,depois corte pequeno no dedo,agora é que nem picada de pernilongo só incomoda quando a gente vê.Consigo imaginar você rindo alto desse meu tipo esdrúxulo de comparar as coisas,mas imagino sutilmente,porque pra falar a verdade me fugiu da cabeça agora como é mesmo o seu sorriso.
Já fui mais nostálgica,acho que hoje sou mais franca.Se houvesse motivo ou ressentimento,marca,mas pela paz de aceitação de encontros e desencontros a que nos leva a vida,somente lembrança.
Eu gostava de você,inconscientemente ainda gosto,gostava da nossa amizade,mas não dá pra gostar do que já não existe mais.
Minha mãe tem um toca fitas guardado no armário,não vai se desfazer dele mesmo ignorando diariamente seu paradeiro.Por que ela não vai joga-lo fora se ele nem funciona mais como antes e nem se fazem mais discos de vinil?Ora,porque ela o adora!Ela já deve ter trocado de aparelho de som dezenas de vezes,insistiu com alguns e os mandou para o concerto,ganhou e deu outros,talvez ate mais algum faça parte da poeira do depósito.E ela ainda adora o toca fitas,adora mais como substantivo que como verbo.Vai ver eu continue te adorando.
Sem remorso,o tempo me ensinou a gostar de verdade das pessoas.Gostar a ponto de deixar que se vão,e também deixa-las a vontade pra que voltem.Sem ter que prometer que farão uma coisa ou outra.Quero que sejam livres pra ficar e pra partir,assim como a liberdade de abrir de vez em quando o armário e adorar um toca fitas empoeirado.

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