terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O poema que me deu a luz


Ultimamente tenho andado inspirada,na verdade inspirada permaneço parada também e mais inspirada ainda fico quando me pego estática frente a uma folha e um papel com as coisas dentro de mim em constante movimento.
Pra falar a verdade é claro que me importa,a trajetoria dos seus olhos sob as minhas linhas tortas,essa caligrafia meio dificil de entender e palavras que guardei sem me dar conta alguma vez.Mas eu estou feliz heis a razão,deixo tudo fluir de tinta,celulose,e incansáveis mãos,talvez voce pensasse que eu fosse me esquecer de citar,a instabilidade de uma mentil fertil e um coração impulsionado a amar.
O incrivel é que tudo isso me vem em um repente,e eu me vejo distraida,sorrindo a sós para as paredes,era uma madrugada quando este poema me encontrou,coçou meu pulso em busca de um paradeiro onde escrever que não achou.Eu preferi assim,foi de propósito,pra ser bem franca isso me rendeu ainda mais um sorriso no breu,essas ideias que geralmente me deixam insone eu mantive dentro de mim até encontrar um momento melhor.Você vai me dizer que nada mais belo que uma ideia fresca recém nascida e cheia de pureza,ingenuidade e delicadeza,pois eu te direi que concordo plenamente,mas fazer o exercicio de aprisionar as ideias no baú secreto da própria mente,pode em certos momentos torna-las mais seguras,pra que quando mostradas ao mundo sejam mais maduras.
Vou me abster da fragilidade doce e infantil de um conceito pré criado desta vez,só para experimentar o sabor sagaz que algo mais afirmado de si mesmo possa ter.Fico tão possuida pelo poder dessas palavras,inuteis pra voce talvez,pra mim infinidades,que tenho vontade de solta-las,dize-las em voz alta e bradante,se forem futeis ou pequenas demais pra chegarem aos seus ouvidos vão ser meus ecos e vou ter de aprender a controlar a vaidade.
Pensando bem é claro que quero irracionalmente que voce as entenda,as entenda tão bem que possa perdoar suas pobrezas,de forma a reconhecer que as falhas e os detalhes mesquinhos que possam existir, não as impedem de ter a sua maneira algo de bom,quem sabe um certo brilho.Eu não as amo apenas porque sairam de mim,eu me sinto em dádiva por terem me escolhido,posso pecar ao retransmitir o seu vero sentido,e se voce não puder ama-las,amarei-as eu assim mesmo.
Me fazem me sentir como Deus os meus poemas,me fazem me sentir criatura também,eu posso escolher a palavra inicial e o ponto de exclamação mas o enredo vai muito além de onde chega o intuito meu.São elas que estao me formando,se  é atraves delas que eu posso tentar me representar,bem ou mal,certo ou errado,o que voce quiser,foi a maneira mais direta que consegui encontrar,de afirmar meu casamento ,eterno laço firme com essa força que me faz escrever.Pensei seriamente em dizer que dei a luz a um poema,mas depois que terminei de escreve-lo vi que foi ele mesmo que me emprestou um pouco de luz para viver. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Eu penso demais,foi você quem falou




Já faz um certo tempo que perdi um pouco o controle de meus próprios pensamentos,se é que já tive essa autonomia inteirina por eles algum dia. Mas enfim,uma ideia puxa outra,e aí vem tantas que me perco eu,se perde o sentido e também a conclusão que deveria vir no final.Não é que eu não possa mais chegar a alguma explicação,ou que a razão tenha me abandonado por completo,mas criou-se um labirinto em minha mente e eu confesso que não sei distinguir muito bem mais o fim do começo.
Eu especulo a vida alheia internamente,faço regras de tres e calculos meio impertinentes,eu cogito o que querem dizer os esgrimas tatuados na pele do homem do café,e deduzo pelo olhar um beijo que pode acontecer.
Primeiro eu acho que o mundo esta todo de cabeça pra baixo,depois eu enfio na cabeça que foi do mesmo jeito desde sempre,antigamente eles falavam que já foi bem melhor,hoje vão dizer com a mesma veemencia,todos devem estar certos no final das contas,o mundo era bem melhor sem nossa existencia.
Mas se o criador disse amem e as pessoas se esparramaram por aí,nós temos que ter  fé também que um dia tudo vai fluir,se olhar com jeito até pode ser plausivel conceber que apesar disso ou daquilo,a criação é acima de tudo algo louco,belo e incrivel.
Não sei o que se passa,no minuto anterior era forte e decidida como eram as mulheres de esparta,mas depois fiquei confusa novamente,me tranquei no escuro na caixa de Pandora como foi na gênese.
E se narciso não fosse apaixonado pela sua imagem refletida mas sim pelo proprio rio, e se os dois amantes do titanic tiverem sobrevivido,o que é real ou ficção tá tudo embaralhado e quem é que vai me dizer com absoluta certeza o que é certo e o que é errado.
Pensei que quero conhecer mil cheiros e mil gostos,quero tocar,amar,arder,ouvir,cantar bem alto,mas mesmo assim neste momento manteria afastados certos anseios intimos ,pra te manter aqui junto ao meu lado.Eu quero o mundo,o céu, a terra,o mar gelado,experimentar,sentir,despir meus medos abstratos,voce sempre aparece embaçado nesses sonhos estranhos,e eu vejo que te incluiria e me frearia agora porque é o quanto me vale seu colo.
Eu já fui de tantos jeitos,e tantas ideias já passaram,amores conto alguns que dois ou tres me preencheram,e se a tua imagem me escorrer como se escorrem as minhas estipulações instantaneas,e se eu não me flagrar mais planejando o nosso final de semana,o contexto será outro eu serei outra também,a mesma pessoa,mesma moça e não mais sua eu serei.Vão persistir os delirios e a imaginação fertil,algo sobre como o céu me prende o olhar em uma noite de dezembro,mas sabe de uma coisa eu sempre paro quando o pensamento chega ai,eu já penso  demais,agora é hora de viver um pouco já que voce ainda está aqui.

domingo, 6 de janeiro de 2013


Muito prazer,pode me chamar de camaleão.Evidentemente não mudo de cor,mas vê-se que possuo um certo sangue frio e uma espantosa capacidade de me adaptar com o meio em que estou.Também sei me esconder e me camuflo em sorrisos e trocadilhos pra me defender do perigo.Observo tudo do meu cantinho,ás vezes chamando atenção,outras vezes invisível,sempre alerta e com truques pra disfarçar o quanto na verdade por trás dessas mascaras existe alguém sensível.
Não tenho casa não,mas pode ir me visitar quando quiser,eu moro no mundo e tudo que está a baixo do céu é meu lar,qualquer esconderijo,canto,abrigo me inspira uma sensação de estar a vontade.Só comigo mesmo que a paz não é constante,o que já era de se esperar,inconstância é meu segundo nome,com humores que oscilam do azul ao vermelho,pouco conheço de meio termos,sou o sinônimo do que é ser perdido,e só me encontro na confusão de meus próprios pensamentos.
Estou a todo tempo junto,de tudo e de todos,imito gestos,sigo o mesmo tom das conversas,me deixo ser por natureza fruto do meio,e por não ter um definido,me tornei uma das pessoas mais ecléticas que já conheci.Mesmo envolvida em um mimetismo em harmonia,guardo comigo algo de nostalgia,insegurança e medo de ficar sozinha,por não aceitar a minha sina.
Isso de dançar conforme a musica,ir no fluxo da maré é comigo mesmo.Mentira se eu dissesse que é inteiramente bom ou apenas ruim,qualquer um que segue minha caminhada diria que aceito muito calada e por conseguir levar do jeito que tiver que ser,vou meio submissa,sem uma reação precisa,arranjo um jeito de ser feliz e engulo os sapos que tiver que engolir.Mas por um lado ou pro outro,ninguém é perfeito,eu que também não hei de ser.
O que poucos sabem é que mesmo que eu mude bastante,me fantasie com diferentes expressões,por trás das caras e bocas,surpresas e da conformidade igual com o bizarro e com o comum,eu também tenho a minha cor.Sim,básica,neutra,simples,bem normal até eu diria,apesar de simpatizar com mil e um estilos diferentes de agir e de pensar,eu tenho o meu próprio,cheio de gostos muito meus e caricatos a sua maneira.Se pareço distraída é porque nasci assim com os focos divididos,faço uma coisa planejando outra,penso crônicas na fila do banco,mas pro que vale se dar por um inteiro (claro que com uma insistente reservasinha de praxe)eu me entrego sim,a ponto de enfim baixar as guardas e dirigir as atenções.
Então se aos seus olhos eu parecer muito de uma coisa,nada de outra,não se engane,na verdade sou muito fácil de mexer,e embora o olhar desconfiado adoro despertar novos sorrisos.Minha personalidade maleável e cheia de mimetismos não significa que eu não vá atrás dos meus objetivos,mas é que gosto de esperar pra não errar o tiro.Mais uma vez não trata-se de bom ou ruim,trata-se apenas de mim,um camaleão,uma metamorfose sem fim.

A falta que você faz e que eu (quase) não sinto


Se pensar que um dia já me chocou a sua ausência,por ter sido um dia sua presença algo quase obrigatório nos meus dias,e noites,e sonhos.Hoje me surpreenderia sonhar com você,eu ia acordar e pensar:poxa,as quanto tempo! E se fosse o caso de estar em sua companhia novamente  eu me veria sem jeito e ia me conter a perguntar um ‘’como vai você?’’ sem esperar uma resposta literal.
Faz parte,é isso mesmo,nada de extraordinário e muito menos de incomum.Não é que tenha deixado de pensar,mas pensamento por si só é algo vago.A gente pensa e depois vem outra coisa a mente,outra imagem a frente,outro momento pra viver no presente.E aí passa,a gente se esquece que lembrou e nem percebe que por dentro sentiu saudades.
Você continua a fazer falta,eu é que não sinto essa falta do mesmo jeito.Ela que já foi a mim como enxaqueca,depois corte pequeno no dedo,agora é que nem picada de pernilongo só incomoda quando a gente vê.Consigo imaginar você rindo alto desse meu tipo esdrúxulo de comparar as coisas,mas imagino sutilmente,porque pra falar a verdade me fugiu da cabeça agora como é mesmo o seu sorriso.
Já fui mais nostálgica,acho que hoje sou mais franca.Se houvesse motivo ou ressentimento,marca,mas pela paz de aceitação de encontros e desencontros a que nos leva a vida,somente lembrança.
Eu gostava de você,inconscientemente ainda gosto,gostava da nossa amizade,mas não dá pra gostar do que já não existe mais.
Minha mãe tem um toca fitas guardado no armário,não vai se desfazer dele mesmo ignorando diariamente seu paradeiro.Por que ela não vai joga-lo fora se ele nem funciona mais como antes e nem se fazem mais discos de vinil?Ora,porque ela o adora!Ela já deve ter trocado de aparelho de som dezenas de vezes,insistiu com alguns e os mandou para o concerto,ganhou e deu outros,talvez ate mais algum faça parte da poeira do depósito.E ela ainda adora o toca fitas,adora mais como substantivo que como verbo.Vai ver eu continue te adorando.
Sem remorso,o tempo me ensinou a gostar de verdade das pessoas.Gostar a ponto de deixar que se vão,e também deixa-las a vontade pra que voltem.Sem ter que prometer que farão uma coisa ou outra.Quero que sejam livres pra ficar e pra partir,assim como a liberdade de abrir de vez em quando o armário e adorar um toca fitas empoeirado.


A cor de um pensamento
Quando eu era criança sentia que o quartinho em que dormia era meu esconderijo secreto.Ainda me soa estranho ficar me referindo à minha infância no pretérito,mas a verdade é que já alguns anos e outros fatos me separam dela.Nem durmo mais naquele quarto,não vou tanto quanto gostaria a aquela casa,tem tempo que não retorno à cidade.Talvez a casa em si se mantenha como um refúgio assim mas eu soube desde o dia que fui embora que o quartinho deixara de ser mágico no momento em que o desocupei.
Naquele comodozinho aconchegantemente apertado eu tive mil sonhos,alguns pesadelos,mas nunca medo do escuro.Sempre gostei do escuro,talvez porque o guarda roupa ficava bem em frente para minha cama e os muitos adesivos que colei em suas portas só brilhavam com as luzes apagadas.Eram figurinhas de estrelas e planetas,tecia a ilusão de fazer todas as noites viagens ao céu.Pensava que não conseguiria dormir sem o brilho fosforescente dos pequenos astros pregados ao guarda roupa velho.Nunca mais achei adesivos como aqueles,também nunca mais procurei.
Do meu tempo de criança carrego muitas lembranças,pessoas,cicatrizes na perna e manias malucas,mas quase nenhum objeto.Fotos são o que de mais material possuo do passado,depois de saudade.Honestamente fico contente das coisas serem assim como são,recicláveis,feitas para serem trocadas ou mudadas conforme as épocas e as fases.Menos as memórias,elas são tão eternas quanto uma vida.Não são para sempre,mas são para o nosso sempre,são pra toda nossa breve duração e isso já é o bastante.
Comparando a imagem do espelho com a da menininha sorridente da fotografia,quase poderia dizer que não se tratam da mesma pessoa.Só sei que sou um pouco de ambas porque me mexo e o espelho imita o meu gesto,e o narizinho arrebitado da pessoinha na imagem congelada eu conheço muito bem.
Ainda gosto do escuro,quem me dera pudesse escrever em sua companhia,ele sempre cheio de boas ideias.Alguém me disse uma vez que isso era estranho de minha parte,que o breu de que tanto gosto remete à solidão.Não respondi nada mais que um sorriso,mas gostaria de ter lhe dito que a escuridão nada tem haver com estar sozinho,bem pelo contrário.Poucos sabem que a solidão é na verdade transparente e se infiltra principalmente em meio a multidões.Nem luz,tão pouco a sua ausência,é apenas invisivelmente perturbadora.
Pudera poder voltar a acreditar que as sombras de um quarto fechado me faziam segura.A noite agora nada mais é que o intervalo entre um dia e outro.Mas sem nem perceber,toda vez que preciso refletir sobre algo fecho as portas e apago as luzes.Não pra ficar sozinha,quando era mais nova não entendia,mas no escuro posso enxergar meus pensamentos.