Se há um destino não posso dizer,tão pouco se é ele que
escolhe as pessoas ou se são elas que o escolhem,mas quando ela se levanta
ignorando as câimbras e as dores pra teimar um ‘’batment’’ há algo que soa já pré
destinado.
E ela se penteia com todo zelo do mundo,sua delicadeza nem
deixa transparecer a força que apóia por horas e horas dando piruetas nas
pontas dos pés.
Se escora na barra e se contorce alongando seus músculos,nos
primeiros passes pra aquecer seu corpo sente já estar aquecido o próprio
coração,aquilo que faz,faz por tudo que há em si,dançam alma e postura em
harmonia sincera.
E ela cruza a sala girando e girando,olhando pro espelho
imaginando a multidão,um pouco mais diz pra si em pensamento, e se contrai,se
dobra,se abre,estica,se envolve,fecha os olhos sem perceber,se cair se levanta
no segundo que precede,ela já disse a seus próprios limites,que não vai
desistir.
Lutando contra a gravidade,cresce de mansinho num ‘’Sissone’’,flutua
linda sentindo o vento no rosto,os
minutos passam e ela nem vê.Vai pra casa querendo ficar,insiste em achar que
nunca é bom o bastante,mas ela sempre dá o melhor de si,e esse melhor que ela
dá é mais que deslumbrante.
Tamanho esforço lhe custa os nervos contraídos,e seu corpo
pequeno,por aquilo que ama delineado,se encontra exausto no final de um dia
inteiro,a mente ciente de que não será o último.
Uma vez no palco ela deixa de ser tudo que já foi um dia,pra
ser apenas ritmo,compasso e melodia,e se mostrar ao mundo no seu formato mais
bonito,salta,rodopia,encanta,sem deixar falhar por nem um minuto o seu sorriso.
Na sua vida ela é
mulher e um pouco menina,é irmã,filha e amiga,mas em tudo que é não esconde
aquela parte que tanto a cativa,sendo o que tem que ser,ela é bailarina.
(à todas as minhas amigas bailarinas que não tem ideia do quanto ficam lindas com um sorriso no rosto e uma ponta nos pés)