Acho que a internet caiu, e depois de novos baianos e Amy
Winehouse consecutivamente quem ta tocando agora é o silencio. Na pausa entre
os dois teimei eu com o violão que agora repousa ao meu lado no colchão com os
velhos enredos ainda vibrando em si.
Estranhamente experimento aquela sensação que sempre volta
de estar no lugar certo na hora certa. É só mais uma noite de domingo e eu me
comprei um vinho tinto, seco, pra beber sozinha a luz de alguma reflexão
qualquer.
Não tem prazer nem desprazer nas minhas confissões, só
dúvidas e várias delas se reúnem neste quarto escuro, me encarando, como se não
as visse mesmo com a falta de luz. Eu sei que a partir de agora é tudo novo de
novo. Como se realmente um dia tivesse deixado de ser. As rotinas enganam a
gente por nos fazerem crer que são imutáveis, a boa nova é que são e muito, tão
finitas como nós e um pouco mais que isso, pois que passam em nossas vidas pra
nos provar que o conforto é valioso porque não pode ser eterno.
Outras missões, pioneiros olhares, estou deixando a vida
agir em mim depois de muito já ter me descabelado querendo agir sobre ela. Mas
deixa o destino mandar, eu sigo. Deixa o Criador ordenar, eu me viro, pra
tentar assumir da melhor forma o que tiver sido reservado pra mim. E além do
mais, o mundo permanece girando, as pessoas continuam com suas próprias
convicções e fardos, o natural pouco a pouco há de se infiltrar dentro de todos
pra renovar os sentidos e o despertar de cada dia.
Ouvi falar que se aproxima uma lua cheia como nunca mais
antes pude presenciar, a maior em todo um século, e ela segue girando no seu
movimento crescente até ser vista inteira e gigantesca deste lado do
hemisfério. Espero. Penso na lua como uma amiga e também como uma divisora de
águas, assim como rege o fluxo dos mares ela sempre vem como um signo revelador
de alguma turbulência ou calmaria que mereça atenção. Sou apaixonada por ela,
assim como o mar sinto revoltas e baixas em meu peito, a maré alta quer subir
ao céu, a maré baixa se contenta em senti-lo refletido em si. Não sei se
retraio ou se alago, mas pouco a pouco vou deixando-me conduzir.
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