quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Voltar pra casa


Na verdade eu não tenho muito,tenho quase nada. Nada ao menos que se possa carregar e arrastar, se não a minha memória.
Não há conhecimento em mim, que não possa ser mudado , e pra verdade absoluta escolhi o amor a Deus , quanto ao resto me conformei com incerteza.
Tem as pessoas , umas que quero bem e estão ao meu lado , outras que já não mais estão. lembrá-las só vai me trazer o que já foram,mas nem sempre o que são,quando tenho a oportunidade,nas distancias escolho o que de melhor tenho pra guardar delas, e o restante deixo empoeirar no tempo.
Parece fria a visão de não saber de um futuro que eu nem sei se virá,mas me parece formidável poder tecer sempre a ilusão de que uma hora tudo vai dar certo, até que me provem o contrário. E isso , ninguém vai conseguir provar.
Penso em todas essas coisas quando se aproxima a hora de retornar. E tenho que dizer que sinto muito , e sinto muito mesmo. Pelo calor que eu não senti por abraços que não pude dar,momentos que perdi,datas importantes, descobertas a que nem cheguei, palavras que nem falei.
Porque eu não estava ali. Por que eu não estava ali? Agora já pertencia a outras histórias, meu coração aprendeu amores dos quais duvida conseguir viver sem, e antes nem sabia que existiam.
Voltar e descobrir que o tempo não parou pra me esperar chegar, que tudo estava de fato sujeito a mudanças , só me faz enxergar o  quanto eu mesma mudei.
Pela janela do ônibus vejo a paisagem ir ficando para trás,pouco a pouco se transforma o cenário, e a minha ansiedade vai aumentando até que eu tenha a impressão de que a velocidade em que avançamos é menor que dos batimentos do meu coração.
E então as placas vão tentando me acalmar , “falta pouco” , digo a mim mesma em pensamento.Nada me distrai, nem coisa alguma me dispersa, a distancia diminui proporcionalmente com as horas que ainda faltam ,mas por dentro ainda sinto 750 quilômetros de saudade.
Fecho os olhos, meus lábios formam uma linha reta, as mãos entrelaçadas. Sou uma personagem dos romances que leio, mas tudo é real e exatamente desse jeito.
E quando solto o ar, alívio, a estrada chegou ao seu destino final. A inércia se quebrou e tudo permaneceu parado até um estalo que indicava as portas se abrindo.
Do outro lado do vidro, tudo que eu mais queria no mundo, chorando e sorrindo ao mesmo tempo, já não importava mais que tudo estivesse diferente, porque aquele amor, a , aquele amor era o mesmo.

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