quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Cafés gelados,crônicas e cálculos numa madrugada de verão


Tem uma caneca quase cheia de café na minha escrivaninha e uma coroa na minha cabeça.O café é para avisar o sono que esta noite ele pode se atrasar e se resolver não vir,só hoje,eu vou entender,e a coroa foi a única presilha que encontrei para impedir que meu cabelo cobrisse meus olhos.Foi um erro de cálculo de alguns meses atrás,centímetros a mais no corte de cabelo,horas de estudo ou atenção a menos à economia e suas vertentes.Ainda assim,eu gostei do corte e estudei a matéria,os ajustes se fazem agora a seu preço,que são um pouco mais de café e um pouco menos de sono,além de uma franja presa às cegas por um enfeite de cabelo de baile a fantasia.
Beberiquei a bebida escura e fechei a janela na ilusão de impedir que se esfriasse,mas aí está o inevitável,e frio ou quente me importa mais o estímulo da cafeina que a temperatura,e neste momento em particular,um breve intervalo para a literatura.
Espirraram duas gotinhas marrons no papel branco,achei charmoso,se fosse em cima dos meus números seria dor de cabeça,mas,sendo assim,incorpado a um texto está tudo bem,ainda que não pudesse ler uma palavra ou outra o sentido não me escapa,porque ao mesmo tempo que escrevo na folha do caderno,as palavras se gravam em minha  memória,qual tatuagem grafada na pele.
Tenho certa norma ética para com meus devaneios,só permito consenti-los pelos melhores motivos _aí me vem a mente o ditado que diz que de boas intenções o inferno está cheio_ .  Tudo bem falar com a mãe e as tias e contar as saudades,comentar o sucesso singelo de uma nota alta ou uma tarde divertida,que ganha muito mais sentido quando contado a alguém que está longe,estando perto.Também não vejo problema em narrar experiências de quase morte,como me engasgar com chicletes no ônibus lotado,e pra não deixar o assunto morrer sem justa causa,falar do tempo,que é de chuva,e como as poças d’água são incrivelmente atraídas para minhas calças claras e como se alojam facilmente nos vãos do meu all star.
Talvez eu tenha ligado para procrastinar os cálculos,mas também é verdade que liguei porque estou feliz e tudo o que resta a alguém feliz é compartilhar o sentimento a quem a gente sempre sabe que é culpado de um jeito ou de outro por isso.A gente diz as coisas boas,esperando ouvir outras melhores,e sente um bem danado desejando ao outro um bem dobrado.

Tomei o café,gelado,acho que vou recorrer à garrafa térmica uma segunda vez.Aos que quero bem e agora dormem,bons sonhos,a mim e meus encargos noturnos,realidade,o melhor que ela puder ser.

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