domingo, 28 de fevereiro de 2016

De bem com o amor

A verdade bem verdadeira é que ninguém vai poder dizer o porquê de todas as coisas, e isso não impede que alguns dediquem boa parte de suas vidas e energias tentando fazê-lo. A própria história é assim, alguém que lê uns registros velhos, acha uns objetos desconhecidos e antigos e insiste em inventar algum significado por trás de tudo. Muita coisa pode ser desvendada, felizmente, nem todas elas.
Assim como seria impossível dizer a razão de tudo no mundo, eu não saberia explicar o porque deste começo. O que tem a ver a história com o amor? Qual seria a semelhança entre romances e enigmas? Eu não sei, juro, não faço a menor idéia. Tenho um palpite ou outro que posso soltar numa mesa de bar caso acabe o assunto, mas a minha intenção que é a de declarar a quem interessar saber, que enfim me refiz com esse tal de amor não tem, como a maioria dos acontecimentos no universo ( a meu ver) o menor motivo. Talvez seja questão de tempo, pode muito bem ser que eu apenas tenha me cansado de fazer jogo duro, destino, acaso, o fato de Venus estar dando o ar da graça toda noite, junto da lua. Quem se arrisca a dizer?
Digo logo de começo que a mediadora do fim deste conflito não é uma nova paixão, e sequer uma antiga. Eu apenas acordei num destes dias comuns, onde qualquer coisa pode acontecer _ inclusive nada_ e percebi que alguma coisa havia mudado. Eu possuía os mesmos problemas, e também os mesmos sonhos, o Rio de Janeiro continuava lindo ( e a umas boas horas de distancia de mim), o céu de Brasília continuava encantando, a saudade de Minas permanecia apertando, o futuro persistia em apontar uma chance e um risco, e sabe-se lá porque o amor deixou de ser um problema. Também não era solução. O amor era agora mais uma destas coisas adormecidas, que não se via porque acordar, e nem porque temer que enfim despertasse. Confesso, no entanto, que senti com isso enorme alívio.
Não me leve a mal, mas é que eu sou romântica, e por ser assim, estar brigada com o amor me soava uma ironia tão sórdida que ao cantar Marisa Monte eu me sentia a maior das hipócritas, e quando passava em frente lojas de noivas e parava, como sempre faço, para ver os vestidos, se eu maldizia tudo aquilo, acho que sofri por bom tempo de uma ligeira invejinha branca.
Eu simplesmente parei de me preocupar e de me importar, tudo ao mesmo tempo.  E ver casais se beijando em bancos de praça não me faz mais fazer careta. Me pego rindo de mim mesma, estou de verdade, longe de querer ser uma dessas pessoas que sai por aí numa manhã de domingo com as mãos enlaçadas nas de outra alguém, mas isso também não quer dizer que eu precise necessariamente ser a pessoa que terá numa das mãos um copo de dry Martine, numa madrugada de sábado.
Eu agora posso ser quem eu quiser, e percebi que o que mais me agrada é falar, cantar e tocar o amor, não o meu, pois que realmente não o tenho, mas este que está por aí, e que alguém pegou pra si por sentir que era o momento exato. Este é o meu momento, de ser o narrador dos contos de outro alguém, o trovador, o musicista, este é o meu momento de assumir sem vergonha alguma, que sou mesmo um desses poetas que não aprendeu a amar, mas ora, são apenas duas décadas de vida, e uma infinidade de canções pra acalentar o amor de quem o sentir. E quem disse que quem não tem amor é infeliz? Descobri que tenho o amor que mereço e que sempre quis, um violão nas costas, umas canções de cor na mente e o mundo inteiro pela frente. ( Sigo, cantando).



 

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