A verdade bem verdadeira é que ninguém vai poder dizer o
porquê de todas as coisas, e isso não impede que alguns dediquem boa parte de
suas vidas e energias tentando fazê-lo. A própria história é assim, alguém que
lê uns registros velhos, acha uns objetos desconhecidos e antigos e insiste em
inventar algum significado por trás de tudo. Muita coisa pode ser desvendada,
felizmente, nem todas elas.
Assim como seria impossível dizer a razão de tudo no mundo,
eu não saberia explicar o porque deste começo. O que tem a ver a história com o
amor? Qual seria a semelhança entre romances e enigmas? Eu não sei, juro, não
faço a menor idéia. Tenho um palpite ou outro que posso soltar numa mesa de bar
caso acabe o assunto, mas a minha intenção que é a de declarar a quem
interessar saber, que enfim me refiz com esse tal de amor não tem, como a
maioria dos acontecimentos no universo ( a meu ver) o menor motivo. Talvez seja
questão de tempo, pode muito bem ser que eu apenas tenha me cansado de fazer
jogo duro, destino, acaso, o fato de Venus estar dando o ar da graça toda
noite, junto da lua. Quem se arrisca a dizer?
Digo logo de começo que a mediadora do fim deste conflito
não é uma nova paixão, e sequer uma antiga. Eu apenas acordei num destes dias
comuns, onde qualquer coisa pode acontecer _ inclusive nada_ e percebi que
alguma coisa havia mudado. Eu possuía os mesmos problemas, e também os mesmos
sonhos, o Rio de Janeiro continuava lindo ( e a umas boas horas de distancia de
mim), o céu de Brasília continuava encantando, a saudade de Minas permanecia
apertando, o futuro persistia em apontar uma chance e um risco, e sabe-se lá
porque o amor deixou de ser um problema. Também não era solução. O amor era
agora mais uma destas coisas adormecidas, que não se via porque acordar, e nem
porque temer que enfim despertasse. Confesso, no entanto, que senti com isso
enorme alívio.
Não me leve a mal, mas é que eu sou romântica, e por ser
assim, estar brigada com o amor me soava uma ironia tão sórdida que ao cantar
Marisa Monte eu me sentia a maior das hipócritas, e quando passava em frente
lojas de noivas e parava, como sempre faço, para ver os vestidos, se eu
maldizia tudo aquilo, acho que sofri por bom tempo de uma ligeira invejinha
branca.
Eu simplesmente parei de me preocupar e de me importar, tudo
ao mesmo tempo. E ver casais se beijando
em bancos de praça não me faz mais fazer careta. Me pego rindo de mim mesma,
estou de verdade, longe de querer ser uma dessas pessoas que sai por aí numa
manhã de domingo com as mãos enlaçadas nas de outra alguém, mas isso também não
quer dizer que eu precise necessariamente ser a pessoa que terá numa das mãos
um copo de dry Martine, numa madrugada de sábado.
Eu agora posso ser quem eu quiser, e percebi que o que mais
me agrada é falar, cantar e tocar o amor, não o meu, pois que realmente não o
tenho, mas este que está por aí, e que alguém pegou pra si por sentir que era o
momento exato. Este é o meu momento, de ser o narrador dos contos de outro
alguém, o trovador, o musicista, este é o meu momento de assumir sem vergonha
alguma, que sou mesmo um desses poetas que não aprendeu a amar, mas ora, são
apenas duas décadas de vida, e uma infinidade de canções pra acalentar o amor
de quem o sentir. E quem disse que quem não tem amor é infeliz? Descobri que
tenho o amor que mereço e que sempre quis, um violão nas costas, umas canções
de cor na mente e o mundo inteiro pela frente. ( Sigo, cantando).
Nenhum comentário:
Postar um comentário