Já faz um tempo que me retorna a vontade de escrever,meio
que leve e descomprometida mente,pensei primeiro de que se tratassem de coisas
que ninguém mais devesse ver , mas depois me dei conta de que eram só coisas
que faziam demasiado sentido a mim,e que se por acaso o fizessem a mais alguém,
não haveria problemas em servir de atalho.
Se felicidade é só questão de ser eu me declaro como um ser
feliz, ainda com toda angústia e medo que tem me visitado com certa
freqüência,e ainda não sei muito bem se o maior temor é de que haja um dia a
impossibilidade de continuar a ser assim, ou de ver quem eu amo igualmente
perdido. Pra ser sincera, os pesares são mais sobre a incapacidade de fazer
feliz,isso aos poucos mata por dentro.Contudo,ainda tenho fé,uma vozinha
interior me sopra aos ouvidos que jamais deixarei de ter.
Depois de ler que músicas tristes inspiram ironicamente
sentimentos positivos,me sinto leve para ouvir uma balada sobre amores alheios,
sobre queixas intimistas e histórias que desconheço, me desligo de mim, para
assim respirar enfim.
A vida que eu sonhei pra mim, em certos pontos ela se
encaixa na realidade, mas esses dias em menos detalhes que o normal. Mas a vida
que eu peço nem é assim tão extraordinária,é uma bem comum,que como a que já
vivo,teria os seus momentos de torpor e de intensidade e no mais seria leve e
passageira,breve.
Só imagino o quão bom seria,e clamo ao universo em silêncio
sobre a possibilidade de que se realizasse,que as preocupações fossem mais
brandas,as dúvidas menos devastadoras,os fatos menos cruéis. Que os desafios
fossem rotineiros,problemas de matemática,de dialética,de gramática, que a
convivência fosse mais fácil, o entendimento mais possível, e as contas não
pesassem tanto,que as dívidas se acabassem,e que houvesse o que de bom se
guardar.Um pouco de segurança,um pouco de chance de não ter de se pensar em
segurança também.
Torno a sentir o alívio de escrever,uma queixa sem ser
queixa,e nenhum anseio parece irreal ou soberbo demais,são só devaneios,eis o
que são.
Pés no chão para tudo que resta,e
um frio na barriga para o que está a espera,uma esperança como reserva,e uma
oração como promessa.
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