O olho encheu de lágrima, é notícia que vem lá de cima,
Norte do Brasil, mesmo Brasil que neste exato momento acaba de sentir na pele o
repetir de fatos sórdidos assim travados por puro oportunismo. Mas dessa vez eu
to falando de outros golpes, uns mais íntimos, mais pessoais, talvez por
desabafo, mas creio que mais porque atos políticos e apolíticos tem me deixado
de saco cheio.
O que eu digo? Deixei acontecer, pedi na verdade, pode ser
possível presumir que implorei de fato no escuro do meu quarto, por tudo o que
aconteceu. O coração trinca meus caros, mas rachadura pouca não trava
batimento, e a gente segue de pulsar em pulsar vivendo assim mesmo, sem
entender porque nosso querer tem tanto de masoquista algumas vezes.
Eu consolei, quis bem, abracei. Aceitei abraço, apoio,
amasso. Fechei olhos, entreabri os lábios, deixei escapar suspiros, abri os
braços e revelei meus pontos mais escondidos, pra agonizar de prazer e depois
de solidão.
Mas é o que, eu que não deixo de viver, nem de errar e
acertar o quanto puder, tentando encontrar melhores chances, momentos e tons. E
este buraco negro que se ocupou e depois tornou a atrair tudo o mais pra si
ignoro o quanto puder.
É que eu agradeço por ser recíproco este querer, mas se eu
deixar de confessar, nem que seja só pra mim mesma, que a existência de um
sentimento maior que a mim não chega, dói o peito, que quer tanto bem que finge
que não viu e segue com seus planos.
Irônico, como todo desenrolar dos fatos, qual deve ser o
propósito deste relato além de enxugar as lágrimas que não chego a verter
porque o momento é inapropriado, e não tem mais ninguém pra me dizer o que
preciso.
Agora agüenta. Agora agüenta. Agora arruma suas coisas e
tenta pegar essa zebra que vai até a rodoviária já com os trocados na mão do metrô,
que o limite mensal do passe livre já expirou, mas este mês tá por um triz, com
sorte esta sensação ingrata também esteja.
Ai! Bem feito. E foi mesmo. Assim com esmero suficiente pra
misturar a imaginação e a realidade em repentes, que se o pensamento toca, o
corpo já ameaça querer se entorpecer. Vou sustentar, anseios animalescos,
sentimentos sem pretexto, lembrança que não se registra na memória desta vida.
É a alma que me faz sentir? É a mente que quer me iludir? É o ventre que até
que enfim, se preencheu com o carinho de que fora privado e se privou por tanto
tempo?
Meu juízo não faz júz ao tipo de ser humano que eu sou,
perito em palavras, leigo no amor. Coração partido que se oferece de bandeja pro
causador do choque cozer o dano, sou o pior tipo de poeta quando amo, vomito poemas
e cogito planos, pra encher o universo de besteiras que eu não sei sentir.
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