domingo, 28 de fevereiro de 2016

Pois é

                                       Às vezes eu sinto falta dos primeiros amores, de sua pureza de intenções e facilidade de reciprocidade. Naquela época tudo parecia mais natural, e mesmo sem a menor experiência a gente sabia o que fazer. Na era de pedidos de namoro, de encontros depois da escola, sorvete, filme,  jogo de futebol, tudo fluía quando tinha que fluir, sem as pressas, as fobias e os receios que vão se grudando em nós irreversivelmente. Nos tornando algo mais frios, insensíveis e incrédulos. Acho que eu fiquei assim também.
Com o passar do tempo a gente vai descobrindo a verdadeira intimidade, e vê que é mais intimo andar de mãos dadas com alguém que vê-lo nu. Começamos a nos dar conta de que haverão possivelmente, espalhadas pelo mundo, dezenas de pessoas com quem poderíamos passar noites em claro conversando, dançando, tocando, mas me atrevo a dizer que nem da metade delas toleraríamos a sinceridade do silencio.
A verdade é que nossos amores antigos, meninos, cheirando a broto e a incompreensão, nos tornaram algo mais completos, e o tempo que nos abstemos deles acaba por nos amadurecer ainda mais. Somos mais inteiros, dizemos aos outros que nos conhecemos, damos nossos números de telefone só a quem queremos e não nos permitimos mais devaneios desnecessários. Pode até ser, mas quem tanto assim se tem, mais medo tem de se perder, e aquele ‘’por que não?’’ a que tanto nos atrevíamos, pouco a pouco vai dando um lugar para um automático ‘’melhor deixar pra lá’’.
 Já não podemos mais criar personagens em cima de pessoas e vivermos com elas historias de contos de fadas. As pessoas são quem são, não quem gostaríamos que elas fossem. Não é que seja mais difícil agora gostar de alguém, mas é somente, que a partir de agora é mesmo pra valer. Tem um mundo inteiro existindo em cada um, isso jamais deixara de cedo ou tarde atrair o interesse, mas com a chance tão mais simples, de visitar esses mundos por um par ou dois de encontros, acaba soando mais confortável fazer turismo nos universos alheios que ir desbravar seus verdadeiros mistérios. Eu sempre fico me perguntando depois o que iria descobri, só que nunca mais isso me fez seguir a diante.


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