domingo, 15 de janeiro de 2012

Ensaio sobre a felicidade


Geralmente quando a gente convive muito,  e por muito tempo com algo, sem querer deixamos de reparar nos detalhes , de prestar atenção.
Desde que nasci estou com algo , que vou ter que confessar, é tão constante e gratuito , que me passa despercebido. Mas quando se ausenta, me tortura a fala e me deixa sem rumo, estou falando da felicidade.
Ás vezes ser feliz vem de coisas tão simples que outro dia me perguntei  do que mais me fazia feliz , e fiquei sem resposta. Fui procurar saber se alguém sabia .
Perguntei a um amigo o que o fazia feliz , e ele disse que era o fato do time dele estar liderando o Brasileirão. A atendente da loja falou que era rever o namorado que morava longe nos fins de semana . A costureira afirmou que era quando os netos iam passar as férias em sua casa.O carteiro contou que era reunir a família inteira para comer coisas gostosas nas festas de fim de ano.
Liguei os fatos e vi que eu já tinha reconhecido a felicidade antes , no sorriso de uma criança que ganhou sua primeira boneca , na mãe cansada e agradecida que repartiu o frango assado pra cada filho antes de dormir.
Também vi o que estava procurando no choro da mulher ao abraçar a irmã que não via há anos, no grito do atleta ao cruzar a linha de chegada, no brilho dos olhos do esposo ao saber que fora promovido a pai.
Todas essas felicidades , mesmo alheias , me afetam , tem o poder de me contagiar sem fazer esforço, me parece mais fácil ficar alegre ao saber que vitórias acontecem todos os dias nas vidas das pessoas.
A minha própria felicidade já é um pouco moleca , tem gosto de sorvete de cereja com cobertura de morango, beijo na bochecha de boa noite , balinha de mel e pasta de dente de hortelã.
É mais ou menos como a sensação de uma surpresa boa , passar um dia inteiro vendo filmes debaixo do edredom , tomar banho de chuva, matar a saudades de quem se gosta , conhecer um lugar bonito.
Tem cheiro de terra molhada, café passado na hora, creme de aveia e colônia de lavanda. Se parece com o por do sol no alto da serra , com o azul ínfimo do mar , as cores do céu de Brasília , a vontade de tornar um momento , e quem esta nele , eternos.
Acho que é justificável ser feliz , e ficar triste também , seja por um motivo bobo ou não , nem tudo deve ser medido pela sua seriedade , o que há de mais lindo no mundo pode nascer de uma besteirinha do acaso .
Mas hoje eu tenho a certeza , que por todas as maravilhas que acontecem todos os dias , seja por conquistas ou apenas porque a primavera está chegando e os ipês já começam a florir , enquanto isso existir eu me permito ficar triste , se for o caso , mas sem deixar de ser feliz , que isso sim é verdadeiro.

Um comentário:

  1. tomar chuva, edredom, filme, por-do-sol da serra .. Tão simples, tão sincero. Que felicidade moleca gostosa *--*

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