Geralmente
quando a gente convive muito, e por
muito tempo com algo, sem querer deixamos de reparar nos detalhes , de prestar
atenção.
Desde que
nasci estou com algo , que vou ter que confessar, é tão constante e gratuito ,
que me passa despercebido. Mas quando se ausenta, me tortura a fala e me deixa
sem rumo, estou falando da felicidade.
Ás vezes ser
feliz vem de coisas tão simples que outro dia me perguntei do que mais me fazia feliz , e fiquei sem
resposta. Fui procurar saber se alguém sabia .
Perguntei a
um amigo o que o fazia feliz , e ele disse que era o fato do time dele estar
liderando o Brasileirão. A atendente da loja falou que era rever o namorado que
morava longe nos fins de semana . A costureira afirmou que era quando os netos
iam passar as férias em sua casa.O carteiro contou que era reunir a família
inteira para comer coisas gostosas nas festas de fim de ano.
Liguei os
fatos e vi que eu já tinha reconhecido a felicidade antes , no sorriso de uma
criança que ganhou sua primeira boneca , na mãe cansada e agradecida que
repartiu o frango assado pra cada filho antes de dormir.
Também vi o
que estava procurando no choro da mulher ao abraçar a irmã que não via há anos,
no grito do atleta ao cruzar a linha de chegada, no brilho dos olhos do esposo
ao saber que fora promovido a pai.
Todas essas
felicidades , mesmo alheias , me afetam , tem o poder de me contagiar sem fazer
esforço, me parece mais fácil ficar alegre ao saber que vitórias acontecem
todos os dias nas vidas das pessoas.
A minha
própria felicidade já é um pouco moleca , tem gosto de sorvete de cereja com
cobertura de morango, beijo na bochecha de boa noite , balinha de mel e pasta
de dente de hortelã.
É mais ou
menos como a sensação de uma surpresa boa , passar um dia inteiro vendo filmes
debaixo do edredom , tomar banho de chuva, matar a saudades de quem se gosta ,
conhecer um lugar bonito.
Tem cheiro
de terra molhada, café passado na hora, creme de aveia e colônia de lavanda. Se
parece com o por do sol no alto da serra , com o azul ínfimo do mar , as cores
do céu de Brasília , a vontade de tornar um momento , e quem esta nele ,
eternos.
Acho que é
justificável ser feliz , e ficar triste também , seja por um motivo bobo ou não
, nem tudo deve ser medido pela sua seriedade , o que há de mais lindo no mundo
pode nascer de uma besteirinha do acaso .
Mas hoje eu
tenho a certeza , que por todas as maravilhas que acontecem todos os dias ,
seja por conquistas ou apenas porque a primavera está chegando e os ipês já
começam a florir , enquanto isso existir eu me permito ficar triste , se for o
caso , mas sem deixar de ser feliz , que isso sim é verdadeiro.
tomar chuva, edredom, filme, por-do-sol da serra .. Tão simples, tão sincero. Que felicidade moleca gostosa *--*
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