E em meio a tantos acontecimentos simultâneos, no mundo
inteiro e diante dos meus olhos, ainda roça uma vontade de, vez ou outra, parar
tudo no mundo e falar das coisas do coração. Acho que o amor serve pra isso,
pra despistar algum desentendimento interno, pra gente parar de falar sobre a
crise, pros comentários se desvencilharem um pouco das ultimas noticias ruins.
Porque o amor, é a única droga que ninguém em sã consciência lhe diria para
resguardar, e tão pouco dar-se por inteiro. A ciência do amor é: a gente
reclamando entre suspiros que é feliz de um jeito meio estranho, meio errado,
meio bom demais pra descrever.
Gosto do amor. Gosto mesmo. Fiquei de mal uns tempos, mas
aos poucos a gente vai se desculpando, vai se desprendendo também. Desprendendo
sem esquecer. E sobre essa coisa de lembrar e não lembrar, me vi no fato de não
ter um amor, mas na certeza de não ter esquecido como é, essa coisa toda de
amar, etc e tal.
E se o amor já teve nome, sobrenome e endereço agora ele é
menos e mais que isso: é simplesmente uma coisa que gruda nas pessoas em todos
os lugares todos os dias, e que eu tenho dentro de mim, e desfruto dessa posse
por mim mesma.
Não é que eu não vá mais nomear o amor _ sequer que realmente voltarei a fazê-lo um dia_ , é só
que me dei conta que me apaixono todos os dias por idéias, me desiludo as vezes
com minhas expectativas, tenho afetos,
nuances, historias, e tenho até de quem falar se um dia me perguntarem sobre
fins da tarde, filmes jamais assistidos e segredos descobertos (sobre cobertas,
historias e tempo).
Eu só tenho um amor que nem amo. Me atenho ao substantivo do
afeto, sem conjugar sua ação enquanto verbo. Amor não é amar. Um denomina, o
outro domina. Meu coração já nem tão completamente inteiro vai seguindo por si
só, com acelerações de batimento vez ou outra pra quebrar a rotina ( ou quem
sabe na ânsia involuntária de criar nova rotina).
Então no fundo a vontade de falar era só um jeito de me
resolver, que não, não tem problema. Não tem ninguém mas tem saudade, não tem
rancor mas perpetuam resquícios de ciúmes calados, e sorrisos nos lábios quando
algum dia estúpido é recordado ao acaso.
Tenho boa memória. Qual é mesmo o nome dele? Hoje eu quero
voltar sozinha.A solidão é uma ótima companhia para assistir um seriado e tomar
um chocolate quente em casa. Vi casais
no banco de uma praça com flores, achei bonito, devo ter sorrido, me lembrei
que já rolou comigo e fui embora, pensando que o amor deve ser mesmo uma coisa
muito boa, neste meu sagrado momento, boa de se ver. De lembrar e seguir
andando.
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